Enquanto esperava o alimento, a Senhora me enviou veneno. Meu direito de nascer, maior do que o direito de viver foi suplantado por mãos criminosas. Não nasci!
Mamãe, a Senhora podia perfeitamente me trazer a luz, a vida. Eu tinha um pai rico! Os médicos e a maternidade estavam à disposição e a Senhora me matou. Eu, tão inocente, fui entregue às mãos estúpidas de um médico que me estrangulou e me jogou nos esgotos da maternidade. Foram tantas Mamãe! Estes crimes, só na minha cidade, se cometem mais de DOIS MIL por dia.
Oh! Mamãe! Por que a Senhora me matou? Que foi que eu fiz, Mamãe, para a Senhora me expulsar do teu seio? Quão triste a minha sorte! Quão grande a minha dor! Aonde meu corpinho veio parar, Mamãe! Sendo fruto do amor, deveria estar no mais íntimo do coração e não no lugar mais pútrido, mais imundo e mais repugnante da cidade!
Mamãezinha pense nisto! Mostre esta carta a outras mamães, leia-a em todos os meios de comunicação, publique-a em todos os lugares... Pois os crimes estão chamando e os homens NÃO ESTÃO SURDOS.
Olhe Mamãe, a casa da visinha! Como estão alegres, os pais e seus filhos! Olhe como os sacrifícios são compensados! A Senhora não teve a generosidade de me trazer ao mundo. Só teve a luxúria e a volúpia de um prazer carnal para me conceber.
Foi tão grande o crime, Mamãe... Eu era tão inocente e tão indefeso! Os meus ouvidos não ouviram a trama do crime... Os meus olhos não viram as mãos assassinas... Meu nariz não sentiu o cheiro do sangue... Meus braços não podiam me defender...
Mamãe, os animais, por mais ferozes que sejam, respeitam os seus filhos, e a Senhora fez isso comigo! A Senhora se tornou mais feroz do que a fera mais bruta! Não podia haver outro crime pior...! Gostaria muito mesmo, mamãe, de estar neste momento sentindo o calor do seu corpo, olhando para os seus olhos e dizendo, "EU TE AMO, MAMÃE!!" mas você foi imatura e não deixou eu vir ao mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário